Videoaprendizagem
Uma metodologia ativa experimental para o Ensino Superior
Manual básico de produção de vídeos de bolso
Pré-Produção
Escolha um objeto
Para iniciar um vídeo, você deve ter em mente o objeto sobre o qual quer falar e seu objetivo com a produção do vídeo. Pode escolher o tema que quiser: um conteúdo educativo específico, uma curiosidade, um assunto da faculdade... Ao mesmo tempo, pense nos motivos que o levaram a escolher o tema e o porquê de criar uma narrativa sobre o assunto na linguagem audiovisual.
No contexto educativo, o audiovisual pode ser utilizado de forma pedagógica de distintas maneiras: para ilustrar cenários desconhecidos dos educandos; para sensibilizar o aluno para um novo assunto; como conteúdo de ensino; como produção e documentação de aulas, eventos, entre outras formas de uso (MORAN, 1995, p. 30).
Escolha um público
Para começar a elaborar o vídeo, você precisa pensar em um público específico a quem a sua produção será destinada prioritariamente. Mesmo que o assunto tratado seja de amplo interesse e dialogue com diversos públicos, você deve focar a produção em um segmento da sociedade ao qual pretende comunicar uma mensagem diretamente. Deve pensar para quem quer produzir.
Um filme de desenho animado, por exemplo, pode ser assistido por todos os públicos, porém, geralmente é feito para atingir a um público infantil. Sendo assim, pense no seu público, no que ele gosta, nos tipos de gêneros de vídeos que mais assistem, na faixa etária, na formação cultural, na linguagem a ser usada, entre outros fatores. De acordo com Alves et. al (1987, p. 13), "é preciso, também, saber que conhecimento tem este público sobre o assunto a ser tratado, evitando a repetição desnecessária de informações que já sejam de conhecimento dos assistentes, ou, por outro lado, a utilização de informações de difícil assimilação, seja pelo total desconhecimento do assunto abordado, seja pelo desinteresse pela questão".
Pesquise
Após a escolha do tema, é a hora de conhecer melhor o objeto que será apresentado no vídeo. Faça uma pesquisa profunda sobre o assunto e destaque os tópicos mais relevantes sobre o objeto, bem como aqueles que mais lhe chamaram a atenção. Explore bastante o tema do vídeo durante a pesquisa, pois quanto mais conhecer o conteúdo, mais ideias surgirão para construir a narrativa e um bom roteiro.
Busque informações sobre seu objeto em plataformas na internet, converse com especialistas sobre o tema, vá à campo, à comunidade, em bibliotecas e onde mais for necessário para adquirir conhecimentos a respeito do que quer tratar no seu vídeo de bolso. Se você não entender ou não conhecer bem o seu objeto, o público do seu vídeo também não o conhecerá. Você só conseguirá representar bem o objeto num vídeo se conhecê-lo profundamente, então seja um bom investigador, entreviste pessoas, comece a observar paisagens que futuramente poderão ser imagens do vídeo, levante dados estatísticos e imagens já existentes, mergulhe no contexto do seu objeto e aproxime-se intimamente dele. Pense no assunto do seu vídeo e no que você e seu público precisam saber sobre ele.
Dica de ouro: É importante tomar nota dos principais tópicos da pesquisa, fazendo uma boa síntese das informações coletadas. Este trabalho servirá como um primeiro passo numa próxima etapa, que é a construção do roteiro, além de auxiliar na fixação do conteúdo e proporcionar o exercício da escrita.
Tenha ideias
Para o cineasta Alex Moletta (2009), a ideia principal do roteiro nasce a partir de uma imagem geradora, uma inspiração que surge do nosso contato com o mundo. Essa imagem pode ser o ponto de partida para um processo de criação. A ideia de roteiro para seu vídeo de bolso pode ser construída e amadurecida por uma única pessoa ou por um grupo, sempre tendo em vista questões iniciais como a mensagem que se deseja construir no filme, se ele será narrado ou não; a construção de personagens; as paisagens/cenários; as ações do vídeo; os ângulos e planos de cada cena; a viabilização de cada cena, entre outros fatores.
Faça um roteiro
É no desenvolvimento do roteiro que a produção do vídeo efetivamente começa. É neste momento que as ideias da cabeça ganham forma de narrativa e vão para o papel (ou para a tela do celular ou do computador). O roteiro é o documento que orienta toda a equipe ao longo da confecção do vídeo, desde o produtor, até o cinegrafista e o editor. Portanto, um roteiro bem estruturado e organizado é essencial para contar uma história em audiovisual, tanto para quem produz quanto para quem assiste. A produção do roteiro requer alguns elementos, como a criação de um argumento.
Argumento: é o detalhamento da história a ser contada em
um filme. É um texto que apresenta em minúcias todos os elementos que compõem as
cenas, apresentando os personagens, suas características,
os cenários, ações e demais pormenores. Segundo Moletta (2009), para construir o
argumento, o roteirista deve pensar nas respostas a estas três perguntas: como,
quando e onde acontecerão as ações?
Elaborando um
bom argumento, o roteirista consegue visualizar mentalmente o filme que está
idealizando.
Roteiro: é um documento que direciona a produção e
descreve as ações visuais e também sonoras de um vídeo. Não importa se o filme
tem 1 ou 90 minutos, o roteiro é fundamental quando precisamos contar
uma história na linguagem audiovisual, pois conduz todas as ações da equipe.
Ele deve contemplar três elementos básicos: ação, espaço e
tempo, assim como as orientações técnicas para a gravação
das cenas, como a indicação dos planos e ângulos. Não podemos esquecer de
indicar as falas dos personagens ou do narrador (quando houver), assim como as
trilhas e efeitos sonoros.
Também é importante lembrar que
o roteiro não é uma obra fechada, ao contrário. É comum que passe por alterações
ao longo do processo de produção do filme, sempre que necessário.
O
formato de construção do roteiro pode variar. Abaixo apresentamos
um modelo simples e eficiente para organizar uma história. O exemplo contém duas
cenas e créditos.
PLANOS/ÂNGULOS/DURAÇÃO | CENAS/AÇÃO/ÁUDIO |
---|---|
PLANO GERAL [5”]. | CENA 1
Som urbano TOM. 1: É dia. O ambiente é urbano. O cenário mostra o trânsito, uma praça frequentada por várias pessoas e acalçada onde o personagem principal pratica corrida. É um jovem de 25 anos,branco, veste roupas esportivas e usa fone de ouvido. |
CORTE PLANO MÉDIO do personagem principal [10’’]. |
TOM. 2: O personagem segue sua corrida até tropeçar em algo. |
CORTE ÂNGULO PLONGEÉ ABSOLUTO mostra a carteira e os pés do personagem [5”]. |
TOM. 3: A cena mostra uma carteira de mão feminina azul. |
CORTE PLANO ABERTO seguido de PLANO DETALHE dos objetos analisados pelo personagem, com foco no trevo de quatro folhas. Em seguida, PLANO MÉDIO do personagem ao olhar para os lados preocupado. A ação segue abrindo o PLANO GERAL para mostrar o personagem se perdendo entre a multidão na praça [20”]. |
TOM. 3: O personagem abaixa-se, apanha a carteira, abre-a e analisa os objetos: dinheiro, cartões e um trevo de quatro folhas, que representa sorte. Ele olha para os lados preocupado e coloca rapidamente os objetos na carteira. O personagem segue sua corrida. |
CORTE | |
CENA 2 | |
PLANO ABETO com TILT VERTICAL mostrando a fachada da delegacia [5”]. | A cena mostra a fachada de uma delegacia. |
CORTE PLANO MÉDIO seguido de ZOOM OUT até atingir o PLANO GERAL. PANORÂMICA VERTICAL mostrando o céu claro. FADE OUT [20”]. |
O personagem, em frente à delegacia olha para a carteira e diz:
- Que sorte a sua! O personagem entra na delegacia. |
Sobe som com trilha sonora animada | CRÉDITOS |
Você viu que nesse roteiro, alguns elementos novos surgiram, como os planos, os movimentos de câmera, além do termo "TOM", que é uma abreviação para tomada. Saiba o que eles significam!
Tomada: Tomada é tudo aquilo que a câmera captura, desde o instante em que é ligada até o momento em que é pausada.
Plano: Já o plano é uma sequência de imagens em movimento, sem interrupções. Todas as vezes em que a gravação de um plano é repetida, trata-se de uma nova tomada e isto deve ser registrado na claquete ou numa ficha de controle. Isto ajudará na organização e decupagem das imagens.
Cena: a cena é um conjunto de planos realizados em um mesmo espaço/cenário.
Corte: chamamos de corte a passagem imediata que ocorre entre um plano e outro.
Abaixo conheça alguns dos principais ângulos e planos do audiovisual
Planos
Plano Geral (PG): o ângulo de visão é bem aberto e mostra toda a extensão do cenário.
Plano Aberto (PA): é mais fechado do que o plano
aberto e
exibe o objeto principal próximo à câmera.
Plano Conjunto (PC): mostra um conjunto de elementos
ou
pessoas.
Plano Americano (PAmer.): o personagem é fotografado
acima
do joelho.
Plano Médio (PM): o personagem é fotografado acima da
cintura.
Close: o personagem é fotografado do peito para cima.
Big close: mostra os ombros e rosto do personagem.
Plano detalhe (PD): a câmera enquadra um detalhe do
personagem, do cenário, dos elementos da cena etc.
Ângulos
Normal: os olhos do personagem e a câmera estão no
mesmo
nível.
Plongée: A câmera é posicionada acima dos olhos,
direcionada
para baixo.
Contra-plongée: a câmera é posicionada abaixo do nível
dos
olhos, direcionada para cima.
Perfil: a câmera e o nariz do personagem formam um
ângulo de
aproximadamente 90º.
Plongée absoluto: a câmara é posicionada no alto do
cenário,
apontando diretamente para baixo.
Fonte: Primeiro
Filme
Imagens: Freepik